Breve Histórico do Caps III de Cascavel


O município de Cascavel está localizado na região oeste do estado do Paraná, com uma população estimada em mais de 350 (trezentos e cinqüenta) mil habitantes. É o município sede da 10ª Regional de Saúde, órgão da Secretaria de Saúde do estado do Paraná. No ano de 2001, após diversas discussões realizadas por técnicos da Secretaria municipal de Saúde, foi elaborado o Plano Municipal de Saúde Mental, considerando a necessidade do município em implantar um serviço de saúde mental mais abrangente, preventivo e reabilitatório, com intuito de integrar e/ou reintegrar à sociedade o indivíduo portador de algum tipo de sofrimento psíquico. Este plano foi aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde, sendo que as ações previstas neste plano foram programadas para serem implantadas em um processo gradativo. O processo de desinstitucionalização das pessoas com sofrimento psíquico, e a implantação de uma rede de serviços extra-hospitalar, se intensificou a partir do fechamento do Hospital e Casa de Saúde São Marcos em 05 de Novembro de 2003, instituição asilar na área de psiquiatria, que vinha prestando serviços nesta região há mais de 30 (trinta) anos. Este instituição contava com uma capacidade instalada de 295 (duzentos e noventa e cinco) leitos credenciados ao Sistema Único de Saúde (SUS), com uma ocupação de cem por cento. Destes, trinta e cinco por cento estavam ocupados por pessoas residentes em nossa cidade. Atualmente o município de Cascavel conta com uma unidade do Caps III, uma unidade do Caps i, uma unidade do Caps ad e três Residências Terapêuticas. A urgência/emergência tem sido atendida em um Pronto Atendimento municipal. A internação integral tem sido realizada em dois hospitais psiquiátricos da região. De acordo com a proposta de implantação da rede municipal de Atenção em Saúde Mental entendemos que a implantação do Caps III em nosso município é um dos pontos de atenção, importante e necessário, para o atendimento integral às pessoas portadoras de transtornos mentais e outros sofrimentos decorrentes do uso e dependência de álcool e outras drogas.


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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Arraiá No Caps III...

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Enfermeira Carla, professora de artes Jéssica, enfermeira Simonne, Assistente Social Neiva. Respectivamente!

Descanso rápido, porém, animadíssimo!


A paciente Bromilda, da Residência Terapêutica.


A professora Jéssica, os pacientes Astor, Adriana (a noiva) e Márcio.


O paciente Joaquim, da Residência Terapêutica, e a enfermeira Carla.


O baile a todo vapor!

Os irmãos Astor e Márcio.

sábado, 17 de julho de 2010

Philippe Pinel - Pioneiro da Psiquiatria

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Médico, pioneiro no tratamento dos doentes mentais, Philippe Pinel nasceu a 20 de abril de 1745, em Saint André, cantão de Alban, no Departamento do Tarn, Sul da França, entre Castres e Toulouse. Faleceu a 25 de outubro de 1826, em Paris.

Fez seus estudos clássicos, ingressando depois na Faculdade de Teologia de Toulouse em 1767. Desistindo de abraçar a vida religiosa, passou a estudar matemáticas, mas optou depois pela medicina, uma carreira tradicional em sua família (Seu pai era cirurgião barbeiro e vários ancestrais por parte de sua mãe haviam sido médicos, apotecários e cirurgiões).

Diplomou-se na Faculdade de medicina de Toulouse aos 28 anos em dezembro de 1773. No ano seguinte foi aperfeiçoar seus conhecimentos de medicina em Montpellier, onde, por quatro anos, freqüentou a escola de medicina e os hospitais. viver, fazia trabalhos acadêmicos para estudantes, deu cursos particulares de matemática e de anatomia.

Em 1777 apresentou dois trabalhos sobre aplicação de matemática ao estudo da anatomia humana para a Société Royale des Sciences de Montpellier, da qual foi nomeado membro correspondente.

Chegado a Paris em 1778, ele se sustentou por muitos anos fazendo traduções científicas e médicas, e ensinando matemática. Nesse período, também visitava doentes mentais confinados, escrevendo artigos sobre suas observações.

Inicialmente clinicou e somente passou a se interessar pela psiquiatria por volta de 1780, aos quarenta anos, devido à preocupação em socorrer um amigo vítima de psicose maníaca aguda. Porém, somente cerca de 1786 tratou de doentes mentais, contratado por Belhomme para atender em sua clínica para doentes mentais aristocratas.

Tornou-se amigo do filósofo e fisiologista Pierre Jean Georges Cabanis (1757-1808) e do médico Michel-Augustin Thouret (1748-1810) que viria a ser posteriormente, em 1794, o primeiro diretor da Ecole de Santé de Paris, após reformada pela Revolução. Cabanis o introduziu aos salões de Madame Helvetius, viuva do filósofo Claude-Adrien Helvétius (1715-1771), onde conheceu o embaixador americano Benjamin Franklin (1706-1790) que negociava o apoio dos franceses contra a Inglaterra, para a independência das colônias americanas. Mme. Helvétius reunia em sua casa um grupo de filósofos mais tarde conhecidos como "os ideólogos", e lá Pinel conheceu as doutrinas de John Locke (1632-1704) e Étienne Bonnot de Condillac (1715-1780), as quais o influenciaram fortemente no sentido da abordagem científica da doença mental.

Em 1784 assumiu a Direção da "Gazette de Santé", que lhe passou Jean-Jacques Paulet, diretor da faculdade de Medicina. Nesse periódico publicou vários artigos relativos a doenças mentais, escritos também para o Journal de Paris . Também ocupou-se de várias traduções e revisões para os editores franceses.

Inicialmente clinicou e somente passou a se interessar pela psiquiatria por volta de 1780, aos quarenta anos, devido à preocupação em socorrer um amigo vítima de psicose maníaca aguda. Porém, somente cerca de 1786 tratou de doentes mentais, contratado por Jacques Belhomme para atender em sua clínica para doentes mentais de recursos.

Em 1789 esteve engajado entusiasticamente na Revolução Francesa. Quando se instalou o Terror, não se furtou a ajudar aqueles que haviam sido proscritos pelo governo revolucionário, entre eles o filósofo Marie-Jean-Antoine-Nicolas de Caritat, marquês de Condorcet (1743-1794), um defensor da reforma educacional e líder da Revolução, que caíra em desgraça por votar contra a morte do Rei, e viveria oculto até ser preso mais tarde para morrer na prisão. Pinel, como professor da Faculdade de Medicina, foi obrigado a assistir a execução de Luís XVI.

Pinel casou, em 1792 com Jeanne Vincent; e teve três filhos dos quais um, Scipio, seguiu a profissão do pai tornando-se também um especialista em doenças mentais. Viúvo em 1811, Pinel voltou a casar em 1815 com Marie-Madeleine Jacquelin-Lavallée. Em agosto de 1793, por influência dos amigos Cabanis e Thouret, foi nomeado médico-chefe do Asilo de Bicêtre, por decreto da Convenção.

Em Bicêtre, destinado a doentes mentais masculinos, eram reunidos sem distinção loucos e criminosos. Os loucos eram mantidos acorrentados em celas baixas e úmidas, grande parte deles acorrentados, fossem ou não perigosos.

Pinel tinha em consideração a experiência diária dos funcionários do estabelecimento, a qual ele considerava valiosa para ajudar a compreender certos aspectos das doenças mentais. O chefe dos guardas do asilo, Jean-Baptiste Pussin, cujos procedimentos observava com atenção, inspirou-lhe medidas humanitárias em benefício dos doentes, principalmente a de libertá-los das correntes a que vários viviam presos, tratá-los como doentes comuns e, em caso de crises de agitação e violência, aplicar apenas a camisa de força. Permaneceu em Bicêtre de 1793 a 1795.

Em december de 1794, com a reforma da universidade, o governo da Convenção Nacional criou três escolas de saúde, e Pinel foi nomeado professor adjunto de medicina interna para a escola de Paris. Em 1795 tornou-se professor de patologia médica, uma cadeira que manteve por vinte anos..

Em 1795 Pinel foi nomeado médico chefe do Hospício da Salpêtrière, um asilo feminino onde as doentes eram tratadas do mesmo modo como havia encontrado em Bicêtre. Lá ele aplicou os mesmos métodos e obteve os mesmos bons resultados, como livrar as doentes das correntes que as prendiam, muitas acorrentadas por 30 a 40 anos.

Pinel corretamente considerou as doenças mentais como resultado ou de tensões sociais e psicológicas excessivas, de causa hereditária, ou ainda originadas de acidentes físicos, desprezando a crendice entre o povo e mesmo entre os médicos de que fossem resultado de possessão demoníaca. Nesse particular seguiu idéias já avançadas por contemporâneos seus como Tuke, Chiarugi e Daquin. William Tuke (1732-1822) foi um comerciante de café e chá, e um filantropo, que fundou em 1792 um hospício em York na Inglaterra para dar tratamento humanitário aos doentes mentais; Chiarugi foi o médico diretor do Asilo Bonifacio, em Florença, onde em 1788 ele aboliu o tratamento desumano dos pacientes; e Joseph Daquin (1733-1815) o médico francês, de Chambéry, que havia estudado em Turin, na Itália, e que em seu La philosophie de la folie, em 1787 propôs um "tratamento moral" para os doentes mentais.

Pinel, no entanto, foi o primeiro a distinguir vários tipos de psicose e a descrever as alucinações, o absentismo, e uma serie de outros sintomas. Para o seu tempo, sua obra Nosographie Philosophique ou Méthode de l'analyse appliquée à la médecine ("Classificação filosófica das doenças ou método de análise aplicado à medicina "), de 1798; continha descrições precisas e simples de várias doenças mentais, com o conceito novo de que a cada doença era "um todo indivisível do começo ao fim, um conjunto regular de sintomas característicos"

Pinel aboliu tratamentos como sangria, purgações, e vesicatórios, em favor de uma terapia que incluía contacto próximo e amigável com o paciente, discussão de dificuldades pessoais, e um programa de atividades dirigidas. Preocupava-se também em que o pessoal auxiliar recebesse treinamento adequado e que a administração das instituições fosse competente.

Seu Traité médico-philosophique sur l'aliénation mentale, cuja primeira edição apareceu em 1801, está centrado sobre a psicose maníaca a qual considerava a doença mental mais típica e a mais frequente. Na segunda edição desta obra, em 1809, ele acrescenta duas centenas de novas páginas para descrever sua experiência em Bicêtre e em La Salpêtrière. Ele percebeu que havia sempre traços de razão no alienado, capaz de permitir uma terapia pelo diálogo. Salienta o interesse de um tratamento humano para os doentes mentais e insiste nas relações deste com o meio familiar e com os outros doentes, e no papel do médico na administração hospitalar para cortar o círculo infernal que leva à perpetuação e ao agravamento da doença mental. Para ele o tratamento medicamentoso era secundário, uma atitude que lhe vinha certamente de observar a ineficácia da farmacologia de seu tempo.

Uma geração de especialistas em doenças mentais, liderada por Jean Etienne Dominique Esquirol (1772-1840), foi educada em La Salpêtrière e disseminou as idéias de Pinel pela Europa. Esquirol sucedeu a Pinel na Salpêtrière.
Seu Traité médico-philosophique sur l'aliénation mentale ou la manie ("Tratado médico-filosófico sobre a alienação mental ou mania") de 1801 detalha seu método psicologicamente orientado e tornou-se um clássico da psiquiatria. Graças a suas iniciativas, a França tornou-se lider no tratamento dos doentes mentais em sua época. Em 1804 Napoleão concedeu-lhe a Legião de Honra no grau de Cavaleiro, e, em 1805, o nomeou Médico do Imperador. Após a Restauração, recebeu a Ordem de Saint-Michel em 1818; porém, por motivos políticos, foi destituído de seu cargo de professor em 1822.

Pinel foi eleito para a Académie des Sciences de Paris em 1804, e membro da Academia de Medecina desde sua fundação em 1820.

Adoeceu ele próprio de um tipo de demência arteriopática, de que veio a falecer a 25 de outubro de 1826. Uma estátua em sua honra foi erguida à frente de La Salpêtrière, em Paris.


Rubem Queiroz Cobra
Doutor em Geologia e bacharel em Filosofia


Modo Psicossocial Como Paradigma da Reforma Psiquiátrica

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Comunicação oral

Diálogos e Saberes / Paradigmas e estilos

Rosemar Prota – Prota, R. – LASAMEC-FSP-USP

A temática deste trabalho envolve o processo da reforma psiquiátrica como prática de política pública em contraposição ao modelo hospitalocêntrico e medicamentoso. O objetivo desta comunicação oral é o de apresentar as vantagens do modo psicossocial, gerador de autonomia, sobre o modelo asilar, estigmatizante e cronificante. A luta antimanicomial vem como resposta à demanda de trabalhadores, familiares e de usuários do serviço de saúde mental, demanda esta que não se reduz ao tratamento medicamentoso, mas que é, de fato, reivindicadora de direitos humanos e de cidadania. Direitos humanos que envolvem substituição dos hospitais psiquiátricos por outros serviços de atendimento, dos quais o matriciador territorial é o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). Dentro deste modelo, tem-se o CAPS-III, com funcionamento de 24 horas e leitos, o que possibilita ao usuário permanecer em tratamento tempo integral durante as crises. Este atendimento é inclusivo e integrador, em contraposição ao modelo asilar, segregador e excludente. A partir da prática inclusiva do modo de atendimento psicossocial superam-se as barreiras entre trabalhadores, familiares e usuários do serviço. Atividades desenvolvidas com e na comunidade servem para a construção coletiva de novas formas de vivência e de uso do espaço social. Os Centros de Convivência e Cooperativa (CECCOS) fazem parte dos serviços de atendimento no modo psicossocial e, através de práticas comunitárias, promovem o processo de geração de renda e inclusão social. O resgate da cidadania dos que foram segregados da sociedade por longas internações psiquiátricas é promovido também pelo seu direito de habitarem as residências terapêuticas, casas que possibilitam aos indivíduos ter seu espaço de moradia, integrados à sociedade. A reabilitação psicossocial, no modelo da reforma psiquiátrica, implica em garantir espaços nos quais o sujeito possa se re-apropriar de sua história como protagonista de sua própria vida. O resgate da rede social integra o indivíduo em seu espaço comunitário. Geração de renda, moradia, autonomia e uma concepção de saúde que vai além do conceito reducionista da ausência de doenças, caracterizam o modo psicossocial em sua oposição ao modo asilar e cronificante.


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